Por Thaïs Chauvel, mestra em Letras e doutoranda USP
Olá! Hoje vamos falar do Principezinho, este menino loirinho que o autor imortalizou em belas ilustrações que acompanham este livro que consegue ser, ao mesmo tempo, tão singelo e marcante.
O Pequeno príncipe é quase tão conhecido o Lobo mau ou a Chapeuzinho vermelho. Não há como negar que é este livro também é um clássico da literatura infantil, não é mesmo? A diferença é que este conto foi escrito no século XX, em plena Segunda Guerra mundial. Portanto, não é um conto antigo daqueles que as avós contavam aos netos para preveni-los dos perigos da vida. Não, este é um conto moderno, que fala do mundo de hoje, da época em que vivemos. Época que o autor deste conto, aliás, contemplava com tristeza e desilusão.
Pois é, este conto é autoral. Foi escrito por um autor. E, neste sentido, é muito diferente dos contos de Perrault ou dos Irmãos Grimm, que foram recolhidos e que circulavam oralmente há tanto tempo e passaram por tantos lugares diferentes que não se sabe ao certo de onde vieram, nem quem os inventou…
Não é o caso do Pequeno Príncipe. O Pequeno Príncipe nasceu na cabeça de um autor: Antoine de Saint-Exupéry. Autor este, inclusive, que tem uma história de vida pra lá de interessante! Foi piloto, viajou o mundo todo: foi da Ásia à América do Sul, onde conheceu sua esposa, Consuelo, com quem teve um relacionamento pra lá de conturbado. Foi um escritor muito famoso, que ficou conhecido por escrever romances com um certo teor autobiográfico. Estamos falando de romances adultos, tá? que foram adaptados ao cinema, romances que narram sua experiência na guerra, por exemplo. Por falar na guerra, você sabia que foi justamente durante a Segunda guerra mundial que o Pequeno Príncipe foi escrito?
Em 1942, Antoine de Saint-Exupéry estava em Nova York, onde vivia exilado desde a derrota francesa. A França, sua terra natal, estava ocupada pela Alemanha nazista. Com o intuito de convencer os Estados-Unidos a entrarem no conflito, Antoine de Saint-Exupéry se instalara na América do Norte. Suas tentativas, contudo, falharam miseravelmente. Ele vivia mal o seu exílio, sentindo-se profundamente solitário num país cuja língua não falava nem sequer compreendia. Preocupados com o desânimo do escritor, o editor americano e sua esposa, vendo-o desenhar, sugeriram que escrevesse um livro para crianças.
Sugestão esta que combinava perfeitamente com um antigo sonho de Antoine, que há muito desejava em escrever um livro infantil. O Pequeno Príncipe teria nascido, portanto, dos desenhos do autor. As lindas ilustrações que permanecem gravadas em nossa memória quando pensamos no Pequeno Príncipe deram a luz a esta obra que, paradoxalmente, nos ensina que “o essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração”. E ainda assim, o livro é cheio de imagens inesquecíveis. Foi por causa delas também que a publicação do livro atrasou. Originalmente previsto para ser lançado no Natal de 1942, o Pequeno Príncipe só é publicado em 1943, numa edição bilíngue em francês e em inglês. Junto com a versão original e traduzida do texto de Saint-Exupéry, estão as imagens, cuidadosamente posicionadas, alinhadas com o texto. Elas dificultaram a diagramação do livro, que o autor acompanhou com zelo. Afinal, elas não só fazem parte da história como também contam essa história.
Sem elas, o Pequeno Príncipe talvez não fosse o Pequeno Príncipe. Essa obra mundialmente famosa: o segundo livro mais vendido e traduzido no mundo depois da Bíblia! Mas o autor do Pequeno Príncipe não chegou a tomar conhecimento do sucesso que sua obra alcançaria. Em junho de 1944, Antoine de Saint-Exupéry desapareceu no mar mediterrâneo, ao realizar o último vôo que lhe fora permitido realizar antes de se aposentar. O Pequeno Príncipe só foi publicado na França após a guerra, em 1946, e se tornaria, então, um best-seller mundial. Mas não vamos mencionar números aqui, até porque números não combinam muito como Pequeno Príncipe, cujo valor não se encontra nas vendas que ocasionou, nem na quantidade de adaptações que inspirou, e sim, na sofisticação de sua história capaz de conversar tanto com adultos quanto com crianças, ressignificando nossas vidas, enriquecendo-as de valiosas lições que, às vezes, as pessoas grandes esquecem.
Vamos conferir um trecho:
Se lhes dou esses detalhes sobre o asteróide B612 e lhes confio o seu número, é por causa das pessoas grandes. As pessoas grandes adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: “Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que ele coleciona borboletas? “Mas perguntam: “Qual é sua idade? Quantos irmãos tem ele? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?” Somente então é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos às pessoas grandes: “Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado. . . ” elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma idéia da casa. É preciso dizer-lhes: “Vi uma casa de seiscentos contos”. Então elas exclamam: “Que beleza“.
Por sorte, enquanto continuarmos lendo o precioso conto filosófico de Antoine de Saint—Exupéry, ouvindo o que o Pequeno Príncipe tem a nos dizer, ele continuará nos ensinando. Afinal, a história do Pequeno Príncipe é, antes de mais nada, a história de um homem que escuta uma história. E se sabemos como ouvi-la bem, se soubermos enxergar elefantes dentro de jibóias, então perceberemos o que a literatura é capaz de ensinar aos homens sobre eles mesmos. Porque o que este conto filosófico nos propõe é embarcar numa inesquecível jornada que no ajudará a exergar o real significado das coisas. Afinal: “Para vocês, que amam também o principezinho, como para mim, todo o universo muda de sentido.”.
E é com imenso prazer que eu digo a você que, assim como eu, também ama o Pequeno Príncipe, e a você que ainda não o leu ou releu esta obra depois de adulto, que a MizLitê preparou um curso online muuuito especial sobre o Pequeno Príncipe. Nele, vamos tentar enxergar o essencial desta obra um tanto quanto enigmática. Juntos, vamos falar do resumo do livro o pequeno príncipe, vamos compreender melhor sua estrutura, o modo narrativo, e vamos interpretar os desenhos, para alcançarmos a mensagem filosófica desta obra tão amada do Século XX. Se você é fã do pequeno príncipe e da sua raposa, este curso foi feito sob medida pra você! Se você leu este clássico da literatura infantil quando criança e se encantou mas nunca mais revistou esta obra, este curso é perfeito pra você. E se você ainda não teve o prazer de conhecer a história do Pequeno Príncipe e seu significa, este curso online é a ocasião perfeita pra vocês!
Vamos, juntos (re) descrobrir este livro elaboradíssimo e conhecer suas possíveis interpetações.